sábado, 16 de maio de 2009

Wilson Simonal.....você sabe quem foi?



Simonal – Ninguém sabe o duro que dei


“A Simonal, quem resiste?”


Danielle Veras








Você sabe quem foi Wilson Simonal? Buscando responder a essa pergunta, os diretores do filme Simonal – Ninguém sabe o duro que dei, Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, não quiseram saber ou provar inocência ou culpa. Queriam apenas devolver uma humanidade e fizeram isso com louvor, de forma primorosa. O documentário enche os olhos, principalmente pelo rico acervo de imagens apresentadas, enfatizando os momentos dourados do cantor, antes de sua queda. O filme procurou ouvir aqueles que o defendiam e aqueles que o condenavam.








Wilson Simonal de Castro foi um cantor brasileiro de extremo sucesso e apelo popular, sobretudo nas décadas de 60 e 70. De 1966 a 1967, comandava um programa de auditório na TV Record, revelando-se um verdadeiro “show man”, capaz de comandar e entreter a multidão como ninguém. Vivia então o auge de sua carreira artística, ovacionado pela imprensa e pelos fãs. Com isso, ganhou status de estrela, virou garoto-propaganda da Shell e chegou a emparelhar com Roberto Carlos como o mais popular do Brasil. Todo esse prestígio era raridade para artistas negros do país e seu vertiginoso sucesso começou a despertar a inveja de gente grande. Foi um sujeito que se bancou a branco, ostentando riqueza, belas mulheres e carros de luxo. Isso era imperdoável para os velhos padrões.










Como mostra o filme, através de depoimentos de familiares e amigos, Simonal era orgulhoso, independente e não aceitava o “sim senhor, não senhor”. Por isso, era visto como um negro de nariz em pé. Porém, no início dos anos 70, tudo começou a desandar a partir de um mal entendido que ainda perdura. O contador de Simonal, Rafael Viviani, acusou o cantor de ter mandado dar-lhe uma surra e que esta teria sido comandada por agentes do DOPS, órgão repressor da ditadura militar, especializado em torturas. O caso teve ampla aceitação e divulgação, em especial por parte da mídia, o que o levou a ficar conhecido como informante da ditadura, acusado de deletar vários artistas considerados “subversivos”. Seu dedo passou a ser mais famoso que sua voz. Mais de trinta anos se passaram, muitos daquela época foram anistiados, mas não anistiaram Wilson Simonal, que continuou a carregar a palavra “dedo-duro” estampada na testa.












A partir da década de 80, caiu no ostracismo, no esquecimento absoluto, na escuridão da alma, de onde não mais conseguiu sair. Bebia para tentar esquecer a dor. Já perto da morte, por cirrose hepática de fundo alcoólico, um amigo o abordou perguntando o que lhe tinha acontecido: “Mágoa”, respondeu secamente. Morreu mais que esquecido, morreu proibido de existir. A proposta dos diretores, acertadamente, é trazer o cantor de volta para ser redescoberto, uma vez que passou anos como um espectro da música brasileira.












Mais um documentário biográfico?


Tiago Andrade










Para aqueles que não fazem a mínima idéia, ou mesmo, para aqueles que têm uma vaga lembrança de quem foi Wilson Simonal, assistir à “Simonal – Ninguém sabe o duro que dei” não será uma perca de tempo. Sob direção de Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, o filme desembrulha por completo Wilson Simonal, grande fator da Bossa Nova brasileira dos anos 60.










Através de depoimentos de grandes nomes do cenário brasileiro, como Chico Anysio, Pelé, Ziraldo, Tony Tornado, entre outros, o documentário aborda os acontecimentos ocorridos na trajetória da personagem principal. A narrativa aborda diversos momentos de sua vida, como a passagem pelo exército; seu momento crooner em 1961; o início da carreira profissional; o sucesso, tendo ele preenchido muitas vezes o Maracanãzinho com até 50.000 pessoas, fato inédito para a Bossa Nova brasileira. Também não deixa de mostrar a pilantragem, apoteose da irresponsabilidade consciente (como definiu Carlos Imperial); seu programa de auditório na TV RECORD (1966 a 1967) e a polêmica em torno da suspeita de ter sido informante do Sistema Nacional de Informações (SNI) durante a ditadura, o que causou o fim de sua carreira.












O tratamento dado a todos esses momentos de Simonal pelos diretores é exemplar. É divertido assistir a forma irreverente em que o cantor aparece nas cenas que são contrapostas com os depoimentos dados pelas celebridades. Além disso, o filme ainda conta com uma excelente trilha sonora, obviamente as músicas de Simonal, posicionadas de maneira bem precisa, o que faz com que o espectador realmente interaja com as cenas. Sobre a fotografia não é necessário me estender, uma vez que esta, é simplesmente maravilhosa.












Apesar de tudo, o filme peca no seu desfecho ao falar do momento no qual Simonal entregou seu contador para o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), alegando que este o havia roubado. Ficamos na dúvida: Simonal realmente foi roubado por seu contador ou ele apenas o acusou, pois o culpava de ter ficado em estado de falência? Porém, esta questão não é a real intenção do filme, e sim mostrar a ascensão e o declínio do “rei da cocada preta” e denunciar as injustiças sofridas por Wilson Simonal, o que é representado de maneira extremamente satisfatória. Alegria, alegria!












Ascensão e queda de um nome esquecido da MPB


Bárbara Perrout








Finalmente chega aos cinemas, com estréia nacional, o documentário ‘Simonal – Ninguém sabe o duro que dei’, com direção de Claudio Manuel, Micael Langer e Calvito Leal, depois de já ter sido exibido na mostra Première Brasil, fora de competição, no Festival do Rio 2008.










Distribuído pela Rio Filme, ‘Simonal’ não apenas revela a história da vida e da carreira do cantor Wilson Simonal, como também nos emociona.










O filme resgata imagens de Simonal em shows, exercendo o poder de sedução de seu carisma e de seu gingado, no doce rebolar de seu corpo sobre o palco. Um ótimo exemplo da personificação do jeitinho brasileiro e da malandragem carioca, que marcaram sua carreira. Em um dos momentos do documentário, o cantor não hesita ao admitir que se deixou iludir pelo sucesso, pela fama e pelo dinheiro. Mas em se tratando da mítica figura que foi, tais declarações não soam vulgar, mas charmosas.












Um destaque especial fica por conta do dueto que fez com Sarah Vaughan em 1970, num especial da Tv Tupi, cantando ‘The shadow of your smile’.












Os depoimentos de seus filhos Max de Castro e Simoninha, dos amigos Nelson Motta, Chico Anysio, Pelé, Carlos Miele, Artur da Távola e Bárbara Heliodora, entre outros, vão destrinchando a personalidade do artista.












Uma nuvem de tensão deságua sobre o filme a partir do momento em que ele foi acusado de ser informante do Dops, durante os anos de ditadura militar. Fato que o levaria a viver na melancolia do ostracismo, até a sua morte, em 2000, em conseqüência do alcoolismo.












É um documentário na medida certa, sem ser cansativo, além de poder ser usado como material de pesquisa para as novas gerações. Diverte e informa o telespectador sobre um nome pouco lembrado da MPB.










2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Telma,
sou a Bárbara Perrout, faço parte da equipe do UerjViu, veículo pelo qual essas críticas foram publicadas. Seria interessante se você botasse o UerjViu como a sua fonte.
Qualquer coisa, meu e-mail é: bperrout@bol.com.br

Anônimo disse...

Olá Telma Lobato,
Meu nome é Tiago Andrade e sou repórter do Uerj Viu.
Escrevi a crítica para o filme: Simonal, ninguém sabe o duro que dei.Sei que o Uerj Viu permite a publicação das críticas em outros veículos, como vc fez em seu blog. Porém, mesmo colocando o crédito de meu nome, vc há de convir, que seria elegante colocar o veículo de onde fora retirada essa crítica, não concordas?
Pois bem, é o q peço!

Alegria!Alegria!

Boa tarde...
Maiores informações, meu e-mail é:
tiagoandrade.a@hotmail.com