domingo, 6 de dezembro de 2009

Sobre Cazuza.......e o que a psicóloga escreveu






Uma psicóloga escreveu sobre o filme que conta a vida de Cazuza daí, como fiquei indignada com o que li, resolvi escrever minha opinião sobre o texto dela.
Para não confundir o leitor deste blog, colocarei o que escrevi em verde.




Gente,

É complicado julgar uma pessoa, ou pessoas. Penso que não temos esse direito.


No caso específico, o que vi no filme, foi um modelo de educação com a qual não concordo, porém, mesmo não concordando não posso julgar e muito menos, não posso ofender ninguém. O certo e o errado são bem subjetivos e cada família tem o direito de educar seus filhos como melhor lhe aprouver.

O texto que circula por aí está infestado de preconceitos além reduzir a dependência química a um problema específico de criação, ou seja: os pais que não sabem criar seus filhos produzirão dependentes químicos. Não é bem assim não é mesmo? Sabemos que a dependência química é uma doença séria e que precisa de tratamento adequado ao invés de puro preconceito.

Quanto ao filme, além do que expus acima, vi pais que não tiveram vergonha de amar incondicionalmente. Amaram da maneira errada? Não cabe a mim julgar. Muito menos tenho o direito de apontar o dedo, cutucar a ferida e dizer que o que matou Cazuza foi a educação errada que ele recebeu.


Peço licença para analisar (da forma que vejo) o texto:




... Sob Cazuza que minha mãe me mandou!

Esse cidadão dizia "todos os meus heróis morreram de overdose". E era aplaudido.


Pelo menos foi tratado como cidadão.

Cada um cultua os heróis que quiser. Os heróis dele morreram de overdose sim, e daí? Até onde se sabe Elis Regina também morreu por overdose (ingestão de álcool e medicamentos) e, também, até onde se sabe, foi uma pessoa honesta, mãe, trabalhadora, amiga e que possui, até hoje, uma multidão de fãs espalhados ao redor do mundo além de ter deixado para nós um acervo musical de primeira qualidade.

Poderia citar uma lista infinita de pessoas que morreram de overdose e que são ou foram heróis de muitos. Pessoas que eram ou são dependentes químicos. Muitos passaram a vida inteira lutando publicamente contra essa doença como, atualmente, o ator Fábio Assunção, Maradona, entre outros, Isso porque não adianta citar os anônimos que são dependentes.


É ... DEVIAM COLOCAR o texto abaixo NUM OUTDOOR LÁ NA PRAÇA CAZUZA, NO LEBLON...Psicóloga x Cazuza!

Isso é uma disputa? Se for, precisamos lembrar à psicóloga que Cazuza já morreu e não tem como se defender.


Esta mensagem precisa ser retransmitida para todas as FAMÍLIAS! Uma psicóloga que escreveu corajosamente algumas verdades.

A pessoa que escreveu esta frase esqueceu de citar que a psicóloga escreve algumas verdades acompanhadas de uma tonelada de preconceitos.


Uma psicóloga que assistiu ao filme escreveu o seguinte texto: 'Fui ver o filme Cazuza há alguns dias e me deparei com uma coisa estarrecedora. . As pessoas estão cultivando ídolos errados..


Primeiro preconceito acompanhado de julgamento. Com que autoridade se diz que as pessoas estão cultivando ídolos errados? Quais são os ídolos certos?

Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza? Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível.

Primeiro preconceito acompanhado de ofensa póstuma. Partindo deste ponto de vista Tim Maia, Cássia Eller, Elis Regina, Raul Seixas, Renato Russo como eram dependentes químicos além de cantores, poetas, pensadores e questionadores desta sociedade, também eram marginais.

Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado.

O conceito de certo e errado é bastante subjetivo pois somos seres humanos com formas, personalidades, sonhos, paixões, objetivos, entre outras coisas, diferentes. Ou seja, somos uma sociedade "desencaixotada", ou, pelo menos, deveríamos ser.


No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta. São esses pais que devemos ter como exemplo?

Outro preconceito. Pedro Bial, que foi criado junto com Cazuza, também nunca precisou trabalhar quando mais jovem. Também era "filhinho de papai" e, nem por isso, se tornou um "marginal".

Se a psicóloga não sabe, eu informo, que este jovem, filhinho de papai, era um menino estudioso que tirava as notas mais altas na escola, que lia os textos de Vinícius de Moraes, era um excelente desenhista, escritor, poeta e músico.

Cazuza só começou a gravar porque o pai era diretor de uma grande gravadora.. Existem vários talentos que não são revelados por falta de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante.

Cazuza começou a gravar porque tinha talento e seu pai, como era diretor de uma grande gravadora o ajudou sim, aliás, isso é o mínimo que se espera de um pai não é mesmo? Ajudar o filho a desenvolver talentos, aptidões e habilidades. A senhora psicóloga sabia que o Sr. Hermínio de Moraes, um dos maiores e empresários do Brasil começou sua carreira de sucesso porque o pai o ajudou? Será que é crime o pai dar uma oportunidade ao filho?


Ou seja, a meu ver, outro preconceito cometido pela psicóloga.

Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso. Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona sul e outro não.


Honestamente não concordo com o tráfico de drogas nem de qualquer outra coisa. Porém, o que vejo aqui, é uma mãe que, apesar de toda dor que sofreu pois ter um filho dependente químico não é mole, deu a cara a tapa e não teve vergonha de esconder nada de ruim que o filho fez. Admitir que o filho errou não significa ter apoiado o erro do filho. Trazer drogas da Inglaterra foi um erro entre os muitos cometidos por Cazuza, mas que não o coloca no mesmo nível de Fernandinho Beira-Mar. Cazuza nunca chefiou quadrilha, nunca assassinou, nunca vendeu drogas, nunca aliciou e nunca cometeu as atrocidades que o outro (e aqui cabe sim o adjetivo marginal) cometeu.


Quanto ao Sr. Siro Darlan, bem, prefiro não comentar. Minha opinião sobre este senhor não mudará nada. A mídia já falou sobre ele.

Fiquei horrorizada com o culto que fizeram a esse rapaz, principalmente por minha filha adolescente ter visto o filme. Precisei conversar muito para que ela não começasse a pensar que usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e outras coisas fossem certas, já que foi isso que o filme mostrou.

Bem, além de preconceituosa a Sra. Psicóloga é exagerada. Não há nenhum culto à Cazuza. O filme divulga sua vida, só isso.

Me pergunto qual a base de educação e qual a fundamentação educacional que esta senhora passa para a filha. Precisou conversar muito para que ela não começasse a pensar que usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e outras coisas, fossem certas, ou seja, ficou com medo da filha passar a viver como o filme mostrou a vida de Cazuza. Penso que esta filha ou esta mãe, ou as duas, devem estar perdidinhas da silva sauro pois, se um filme pode destruir toda uma criação......que criação é esta?

Minha cara senhora, o que é sólido não se desfaz com tanta facilidade. A mim parece que a educação que sua filha recebe é de cristal e está sujeita a se quebrar com um simples peteleco. Não seja exagerada. O filme não mostrou que a maneira como viveu o ilustre artista é a maneira correta, pelo contrário, o filme é um alerta aos jovens visto que mostra claramente que uma vida sem regras, sem limites, envolvidas com vícios e com sexo sem proteção tende a ser destrutiva.


Por que não são feitos filmes de pessoas realmente importantes que tenham algo de bom para essa juventude já tão transviada? Será que ser correto não dá Ibope, não rende bilheteria?


Filmes assim, são feitos sim senhora. Aliás, o cinema brasileiro nunca esteve tão bem. Ele mostra a realidade brasileira e mostrou a realidade de Cazuza. Aliás, quero informá-la que existem mais Cazuzas por aí do que a senhora imagina. O que é ser correto no seu ponto de vista?

Como ensina o comercial da Fiat, precisamos rever nossos conceitos, só assim teremos um mundo melhor.

Concordo com este comercial. Precisamos rever nossos conceitos para viver em um mundo onde o preconceito seja banido.

Devo lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi consequência da educação errônea a que foi submetido.

Opa, essa é demais. Como pode haver tanto preconceito e julgamento em uma só frase?

Nossos filhos cortam o cordão umbilical. Cazuza fez suas próprias escolhas da mesma forma que meus filhos fizeram as próprias escolhas e da mesma forma que sua filha fará a propria escolha. Não culpe os pais dele pela morte do filho. Eles já sofreram e sofrem demais. A senhora tem idéia do quanto dói perder um filho?

Será que Cazuza teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido pais que dissessem NÃO quando necessário?

Será que não disseram? Como a senhora pode julgar com tanta veemência? O filme mostrou uma fase da vida de Cazuza apenas. Vou lhe dizer uma coisa. Tenho quatro filhos, disse e ainda digo um monte de não para eles e, por incrível que possa parecer, eles ainda assim fazem escolhas erradas. Agora duas perguntas: Quando sua filha, que imagino eu seja um ser humano normal sujeita a erros e acertos, faz uma escolha errada a senhora se culpa da mesma forma que está culpando estes pais? Será que sua filha faz escolhas erradas porque a senhora não disse não suficiente?

Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor. Não deixem seus filhos à revelia para que não precisem se arrepender mais tarde. A principal função dos pais é educar...Não se preocupem em ser 'amigo' de seus filhos. Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi à pessoa que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois amigo não diz SIM sempre.'



Minha cara psicóloga, sua função, como psicóloga não é aconselhar mas ajudar a organizar pensamentos e emoções a fim de que o sujeito chegue as próprias conclusões, tome as próprias decisões e caminhe com as próprias pernas.

Educar é função dos pais e não cabe a mim julgar quem educa certo ou errado pois isso é subjetivo uma vez que cada família opta pelo que achar melhor. Mas, para orientação, indico os livros de Içami Tiba.

E os pais devem ser amigos dos filhos sim. Os melhores amigos por sinal.

Pais erram com frequência. São seres humanos. O fato de errar não os imputa a guilhotina afiada no pescoço e, também, não mata seus filhos.

Como toda mãe erro e acerto. Sou amiga dos meus filhos. Digo sim e digo não. Brigo e faço as pazes. Choro e rio. Ser pai e mãe não é fácil. É antagônico, é difícil, é matar um leão a cada dia. Todos os pais querem o melhor para seus filhos, mas os filhos também são sujeitos e também são antagônicos, pois isso é inerente ao ser humano.


O que a senhora escreveu é preconceituoso, além de calunioso e perverso uma vez que acusa os pais Cazuza de não amar e não educar seu filho.

Através dele conhecemos, de perto, este terrível mal que é a AIDS. Cazuza teve a dingidade de expor sua doença publicamente.

Seus pais sofreram muito tanto com dependência química, quanto com a louca vida que levava e com a AIDS. Batalharam muito contra todas as doenças que ele tinha. Fizeram o possível e, se pudessem fariam o impossível para que ele ficasse curado de tudo, sobrevivesse e fosse feliz.

Cazuza deixou um legado magnífico. Suas musicas são, a cada dia, mais atuais. O Brasil precisa mesmo mostrar a sua cara e deixar esta hipocrisia de lado. Existem muitas famílias que sentem vergonha e escondem seus dependentes químicos e seus portadores de HIV. A família de Cazuza mostrou a cara e, ainda hoje se mostra. Sua mãe fez da dor uma luta constante para salvar crianças portadoras de HIV. A fundação Viva Cazuza trabalha com crianças e famílias que não teriam chances de sobrevivência e ela dá à essas pessoas, além de carinho e amor, dignidade e cidadania.

Espero, minha cara psicóloga, que sua filha nunca precise do seu amor incondicional pois, se um dia esta menina se envolver com algo que a seu ver seja "marginal" ela estará sozinha, sem seu auxílio para tirá-la do lugar ruim em que se encontra. Apontar o dedo e cutucar as feridas alheias é muito fácil. Quero ver a senhora apontar o dedo para si mesmo e se acusar de alguma escolha errada que sua filha fizer.

No mais, deixo aqui os meus parabéns para os pais de Cazuza que não tiveram vergonha do filho e que expuseram de maneira simples e objetiva a vida que o ilustre artista levou.

Obrigado por ter mostrado que opções erradas conduzem à destruição, porém, algumas pessoas possuem o talento de transformar o que está destruído em grande obra.

Como explica a teoria do caos: "só quem possui o caos pode gerar uma estrela"
Um trecho da música "Blues da Piedade"

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedadeSenhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem.
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem

Um grande abraço,