domingo, 28 de setembro de 2008

Uma Análise da Educação Brasileira

Sistema Educacional x Crescimento Econômico
Qual a educação que queremos?
A educação foi introduzida no Brasil com o objetivo de dominação, prevalecendo o mesmo conceito atualmente. Contudo, tornou-se o principal fator que impede o crescimento econômico, visão esta, referida pelos grandes aglomerados econômicos. Nesse contexto, o Estado prioriza apenas o ensino técnico, voltado apenas para atender a demanda do mercado de trabalho, formando "máquinas" que viabilize o aumento do lucro para as empresas e proporcione que o país possa competir no mercado financeiro globalizado, mas mantendo o dogma de restringir o conhecimento à burguesia.
Para entender a educação brasileira é preciso conhecer o processo histórico do Brasil que resulta no pragmatismo medíocre que impera na sociedade contemporânea. Começando pelo período colonial, onde a catequese, o primeiro método educacional voltado para evangelizar a partir dos padrões do cristianismo, foi utilizado para doutrinar os índios, para que estes atendessem aos objetivos imperialistas da coroa portuguesa, que buscava aumentar sua riqueza através da exploração de suas colônias. Originando o conceito de "educar como forma de dominar". Posteriormente, no sistema escravocrata, educação era apenas para instruir os filhos da classe oligárquica, sendo os escravos tratados como animais, sem quaisquer direitos perante a sociedade, e, mesmo após a abolição da escravatura, estes, não tiverem qualquer assistência, passando de escravos a marginalizados. Em suma, no Brasil, educação de qualidade representava risco ao poder da classe dominante, e essa mentalidade retrograda ainda existe atualmente, e retrata o sistema educacional brasileiro.
Entretanto, essa restrição ao ensino de qualidade passou a ser empecilho ao desenvolvimento econômico do país, isto se deve ao fato de vivermos em uma era onde a tecnologia supera a mecanização no processo de industrializaçã o, e um país que vise alcançar um patamar de desenvolvimento elevado precisa ter este processo baseado em tecnologia, para tornar-se competitivo em relação a outras nações. O Brasil começou sua revolução industrial tardia, sendo considerado por muito tempo um país de economia primária, ou seja, agricultura, exploração mineral e vegetal, e neste contexto, a educação pouco influenciava na economia, mas a partir do momento que é visto a importância do empregado saber interpretar o que lê, ter domínio da escrita e ter raciocínio lógico, relacionado diretamente com a produtividade das empresas, é necessário ser revisto o conceito de educação.
Contudo, o Estado, responsável por proporcionar que todos os indivíduos tenham acesso à educação, mantém uma conduta primitiva de monopolizar o conhecimento, inserindo políticas ineficientes, a exemplo do projeto de reestruturação do ensino (REUNI), ProUni e aprovação automática, este último representando explicitamente os objetivos burgueses, que apenas visam quantificar, elevando o número de ingressos nas instituições de ensino , apenas para atender o objetivo proposto no Plano de Educação Nacional (PNE), aprovado pelo Congresso nacional em 2001 com meta para 2011, de elevar o nível educacional do país. Analisando estes projetos é possível concluir que as mudanças ocorridas no sistema educacional brasileiro são irrisórias diante da gravidade que enfrentamos, onde 77% da população jovem é incapaz de solucionar um problema que exija habilidades de raciocínio lógico e interpretação (dados INAF-2004), ficando evidente que o Estado não está preocupado em qualificar.
A partir dos últimos dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), das 55,9 milhões de matrículas efetuadas na educação básica, 86,5% são provenientes da rede pública de ensino, e, se juntarmos aos resultados do último Exame nacional do Ensino médio (ENEM) que revelam o baixo rendimento de alunos da escola pública em relação aos alunos de escolas privadas, apenas tomando por base a prova objetiva, onde a média dos estudantes que declararam estudar apenas em escolas públicas é 34,94, enquanto os que declararam estudar em escolas particulares obtiveram média 50,57. Resumindo, é notório o abismo entre a escola pública e privada, e conseqüentemente, um jovem concluinte do ensino médio público não está apto a ingressar em uma universidade e principalmente, não está preparado para entender e enfrentar essa sociedade, exigindo seus direitos e impondo-se como um sujeito crítico.
Compartilhando desta mentalidade, as empresas atuando sobre a ótica do lucro, patrocinam junto ao Estado, cursos técnicos para qualificar sua mão-de-obra, a exemplo do Centro Educacional SENAI, que atua de acordo com os interesses da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), que investe na instituição para que esta prepare os jovens para o mercado de trabalho, tornando-os analfabetos funcionais, e, apresentam como solução a privatização das universidades, sobre o argumento que o Estado não tem capacidade para gerir essas instituições, mas esta, só representa os interesses mercantilistas dos empregadores que vêem a educação como uma mercadoria lucrativa. Ingressar em uma universidade pública é direito de todos, porém, quem está ocupando este espaço são os filhos da burguesia, visto que, com o sucateamento da educação de base ( ensino fundamental e médio) torna inviável o acesso de estudantes da periferia por intermédio de um vestibular totalmente excludente. Para solucionar este impasse, o Estado elabora sua política de "inclusão": através do PROUNI distribui bolsas a alunos que querem ingressar em uma universidade, mas, nas instituições particulares, que representa 75% das instituições do ensino superior, onde é evidente o descaso com o aprendizado, e, educação é um produto a ser vendido.
Nesta conjuntura é impossível pensar em um sistema educacional que valorize a universalizaçã o do conhecimento, devido à permanência do ideal elitista de uma minoria. Ainda que a burguesia mundial se paute meramente pelas altas taxas de juros, a elite brasileira é extremamente arcaica e retrograda ainda presa à herança colonial. É preciso entender que educação é a base de uma sociedade moderna, necessário à soberania nacional, e começar a corrigir o conceito de educar, principiando pelo Estado, que deve investir nas instituições de ensino público, valorizando os professores e equipando as escolas, inserindo um projeto político-pedagógico autônomo, voltado para o proletariado, visando que todos tenhas acesso a uma educação qualificada e gratuita, preparando o indivíduo para viver em sociedade como ser humano e não como uma maquina, e conseqüentemente formando nossos próprios pensadores e cientistas que trabalhem na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Para isto, nós, que lutamos por uma sociedade eqüidistante para todos, devemos nos posicionar frente este sistema totalitário, de forma unificada (junção dos movimentos sociais), e mostrarmos ao proletariado que é possível outra sociedade, construída a partir de valores sociais. O início desta transformação é pela educação, mas não a educação voltada para inclusão social, por que esta é uma falácia da burguesia, é sim, a educação voltada para incluir a sociedade nos parâmetros da classe trabalhadora, popularizando o conhecimento.
A educação deve ser voltada para atender as necessidades da Humanidade e não no capital.
Luciana Alves
"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence."
Bertolt Brecht

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