segunda-feira, 6 de julho de 2009

Jardins de Saudade

"Escrevi num muro o seu nome
E com a letra mais bonita
Um poema escrito errado
Com um coração flechado
Sangrando de dor
E você não viu...







E a chuva apagou.
A minha emoção é uma Nau
Com vários capitães embriagados
E mesmo estando num porto seguro
Blasé e tão sem rumo tenha andado...






Já enganei espelhos;
Pensei em me embrenhar no mato;
Tive quantas me quiseram ter
-Todavia se alguém me amou
Confesso nem tê-lo notado...






Fui o mais fundo que pude no desejo
E mais que deuses o êxtase alcançado;
Ri-me das ofensas do perigo;
Gozei dentro a melhor parte do pecado
E até tentei gostar de alguém
Mas a sua ausência sempre aqui
Não me deixa...






Mas nada como um dia após outro:
Depois do seu silencio o meu desgosto;
A grata surpresa num alguém surgindo,
Trazendo consigo o Sol d’outra estação...






Sempre o tempo a nos curar feridas
E feridas nos marcando desde então
- Quão eterna é essa “lei da vida”
A memória é um convento
Onde à noite, sozinha, reza a solidão !
E é tão incerto o querer dos homens,
É tão volátil...






E a amizade é a mesma coisa,
É como o álcool !
E não entendo (eu não consigo)
E quando tento me complico,
Eu me equivoco,
Eu me maltrato;
Eu acho que está tudo bem
E alguma coisa acaba dando errado
E perco o prumo,
Solto os remos,
Afundo o barco,
Firo um coração !






E isso não é correto.
Como me disse um amigo:
- Nem sempre o justo é o certo !
E o mundo é assim mesmo...






O que tem sido é o que há de ser
E o que se tem feito
É o que se há de fazer
E não podemos fazer nada
- Só enterrar os mortos
E ir trabalhar Segunda...






Dos adeuses é o último o mais doloroso
Mas dos beijos já não é o seu o mais gostoso...
Hoje embora, às vezes, amuado
Tenho para o novo o peito aberto
E para você agora o corpo fechado.






Eu já tentei a companhia do amor
E me machuquei demais
E ainda nem sei se é mau
Ou se é bom, mas...
Já me senti melhor !"




(Jardins de Saudade, de Fred Oliveira)

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